QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÕNICA DIALÍTICA À LUZ DA LITERACIA: UM ESTUDO OBSERVACIONAL
Doença Renal Crônica, Literacia em saúde, Diálise, Qualidade de vida.
A doença Renal Crônica (DRC) é definida como uma lesão renal que ocorre de maneira silenciosa, progressiva e irreversível comprometendo o funcionamento adequado dos rins. A DRC tem se tornado um importante problema para a saúde pública devido à elevada morbimortalidade e também por repercutir em mudanças que impactam negativamente na qualidade de vida (QV), tanto das pessoas acometidas como dos familiares. Nesse contexto, a literacia em saúde emerge como uma ferramenta importante para mapear os aspectos relacionados à QV das pessoas com DRC, que se refere à experiência subjetiva de bem-estar e satisfação do indivíduo com a doença abrangendo aspectos físicos, psicológicos, sociais, espirituais e ambientais por serem fundamentais para o conforto do paciente. Realizou-se o mapeamento dos níveis de literacia em saúde e de qualidade de vida dos indivíduos com DRC dialítica, atendidos no Centro de Hemodiálise localizado na cidade de Cajazeiras, sertão paraibano. Foi realizado um estudo transversal quantitativo, utilizando um questionário semiestruturado contendo dados sociodemográficos, além dos instrumentos European Health Literacy Survey Questionaire (HLS-EU-Q 47) e o Short-Form Health Survey-36. A análise descritiva dos dados foi realizada com o auxílio do Programa Epi-info. 7.2.6.0. Dos 54 participantes do estudo, 61,1% são do sexo masculino, a maioria casados ou em união estável (55,56%), com ensino fundamental completo (46,3%). A idade variou de 19 a 87 anos (55,52 ± 15,78). Cerca de 46% possuíam renda de um salário mínimo, a maior parte agricultores e aposentados (22,22% e 14,81%, respectivamente). Aproximadamente 82% apresentavam algum tipo de comorbidade, sendo a hipertensão arterial sistêmica a de maior prevalência (70,37%), seguida do diabetes mellitus (29,63%). A maioria era sedentária (61,11%), e nunca seguiam orientações médicas (51,85%). O nível de literacia em saúde foi considerado inadequado para 94,44% do grupo sendo que, entre os três domínios, a prevenção e a promoção da saúde apresentaram os níveis mais elevados de inadequação. Quanto à autoavaliação da saúde, prevaleceram as categorias boa e regular (48,14% e 33,33%, respectivamente). Sobre a rotina deles, 52,83% afirmou não ter
havido necessidade de reduzir o tempo no trabalho ou em outras atividades, ou mesmo se privar de realizar atividades de que gostava (81,13%). Prevaleceu também a afirmativa de não ter problemas para realizar atividades básicas da vida diária sem ajuda, mas 57,41% admitiram dificuldades de praticar um esporte que exige esforço. A maioria não demonstrou incômodo com os sintomas oriundos da DRC ou as restrições na rotina
impostas pela doença, mas 46,3% admitiram que é difícil saber lidar com o stress. Apesar disso, 72,22% não se isolou/afastou das pessoas. Os resultados revelam desafios físicos e emocionais enfrentados pelos participantes que impactam na qualidade de vida dos mesmos. Apesar disso, percebe-se um esforço de manter a rotina de atividades e o convívio social. Entretanto, o elevado nível de literacia inadequado denuncia a necessidade de educação em saúde para este grupo e que investimentos para a mudança neste indicador poderia melhorar a qualidade de vidas destas pessoas.