AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE LEISHMANICIDA DA LECTINA OBTIDA DAS SEMENTES DE Canavalia ensiformis (L.) DC (ConA) SOB CEPAS DE Leishmania infantum
Parasitos. Leishmaniose. Concanavalina A. Sinergismo.
As leishmanioses englobam um conjunto de doenças causadas por protozoários
do gênero Leishmania. Elas se manifestam em três principais formas clínicas:
leishmaniose visceral (LV), leishmaniose cutânea (LC) e leishmaniose mucocutânea
(LMC). Os medicamentos de primeira escolha para o tratamento das leishmanioses são
os antimoniais pentavalentes, os quais apresentam efeitos adversos e elevada toxicidade.
Nesse sentido, novas alternativas terapêuticas têm sido estudadas, e dentro desse cenário
estão as lectinas. As lectinas são proteínas que possuem a capacidade de se ligar
especificamente e reversivelmente a carboidratos livres ou a glicoproteínas e
glicolipídios. A lectina extraída das sementes de Canavalia ensiformis, chamada de
Concanavalina A (ConA), se liga de forma especifica a manose/glicose e estudos vêm
mostrando que a ConA pode modular respostas imunes que protegem células contra
infecções microbianas. Sendo assim, este estudo tem como objetivo avaliar o efeito
leishmanicida e analisar os possíveis mecanismos de ação da lectina de Canavalia
ensiformis (ConA) sob cepa de Leishmania infantum. ConA (12 -0.37 μM) foi incubada
à cultura de formas promastigotas (24, 48 e 72h) de L. infantum (C8) e a viabilidade
celular determinada por contagem em câmara de Neubauer. Posteriormente, foi avaliado
a participação do domínio de reconhecimento a carboidratos (CRD), associando a ConA
(5 μM) com 0.1 M de α-metil-manosídeo. Ensaios de fluorescência com o diacetato de
2’,7’-diclorodihidrofluoresceína (DCFH2-DA) e Iodeto de Propídio (IP) foram realizados
para a avaliação do mecanismo de morte celular. Microscopia eletrônica de varredura
(MEV) foi utilizada para avaliar as possíveis alterações ultraestruturais induzidas pela
ConA. Análises de sinergismo e modulação entre a ConA e anfotericina B (AmB) foram
realizados. A citotoxicidade sobre macrófagos RAW 264.7 foi avaliada por meio do teste
do brometo de 3-(4,5- Dimetiltiazol-2-il) -2,5 difeniltetrazólio (MTT). ConA apresentou atividade leishmanicida na maioria das concentrações testadas. O ensaio com α-metil-manosídeo mostrou que a inibição do crescimento das promastigotas causado pela ConA foi revertido, mostrando que a atividade da lectina está associada a capacidade do DRC interagir com carboidratos presentes na membrana das leishmanias. ConA é capaz de
induzir a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e causar danos a integridade
da membrana celular, causando alterações morfológicas na membrana dos parasitos. A
combinação da ConA com a anfotericina B mostrou um efeito sinérgico (0.57 μM AmB
mais 34.5 μM ConA induziu 95 % da inibição do crescimento). Quando testada sob uma
concentração subinibitória, ConA conseguiu modular a atividade da anfotericina B em
todas as concentrações testadas. ConA administrada sozinha e associada com a
anfotericina B não demonstraram toxicidade em células Raw 264.7 provocando aumento
na proliferação destas células. Os resultados mostraram que a ConA possui um potencial
antipromastigota e interação sinérgica com anfotericina B sob cepas de L. infantum,
sugerindo que esta lectina pode ser uma alternativa promissora na melhoria do tratamento
das leishmanioses.