AVALIAÇÃO DO DOCKING MOLECULAR E DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA MODULATÓRIA DAS LECTINAS DE Canavalia ensiformis (ConA) E Canavalia brasiliensis (ConBr) CONTRA CEPAS BACTERIANAS COM BOMBAS NORA E MEPA
lectinas; bomba de efluxo; resistência bacteriana; antimicrobianos; Docking Molecular.
Lectinas são proteínas capazes de se ligar reversível e especificamente a carboidratos, apresentam a capacidade de aglutinar eritrócitos e são encontradas em diversos organismos, como vegetais, e procariontes. As lectinas vegetais constituem um grupo de proteínas de grande potencial biológico e representam a classe de lectinas as quais apresentam maior apresentação na literatura. A pesquisa apresentada nesta tese aborda a avaliação do docking molecular e da atividade antibacteriana modulatória das lectinas de Canavalia ensiformis (ConA) e Canavalia brasiliensis (ConBr) contra cepas bacterianas portadoras de bombas de efluxo NorA. Lectinas são proteínas que se ligam especificamente a carboidratos e possuem a capacidade de aglutinar células, sendo encontradas em diversos organismos. As lectinas vegetais, em particular, têm mostrado grande potencial biológico e são amplamente estudadas na literatura. O estudo se justifica pela crescente necessidade de novas moléculas que possam combater a resistência bacteriana, um problema crítico na atualidade devido ao aumento dos mecanismos de resistência a antibióticos. As bombas de efluxo, como NorA em Staphylococcus aureus, são mecanismos que as bactérias utilizam para expelir antimicrobianos, reduzindo a eficácia dos tratamentos convencionais. No trabalho, as sementes de C. ensiformis e C. brasiliensis foram trituradas e extraídas utilizando NaCl 0.15M. As proteínas foram posteriormente purificadas por cromatografia em gel de Sephadex-G50, eluídas com glicina 0.1M pH 2.6 e lidas em espectrofotômetro a 280 nm. Após a diálise e liofilização, as lectinas foram submetidas a testes microbiológicos. A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi determinada para cepas de S. aureus e Escherichia coli. A avaliação da atividade modulatória foi realizada utilizando os antibióticos gentamicina, ciprofloxacino e ampicilina. Também foram realizados testes para verificar a atividade das lectinas contra cepas de S. aureus portadoras de bombas de efluxo NorA. Os resultados mostraram que as lectinas ConA e ConBr possuem CIM superior a 1024 µg/mL para todas as bactérias testadas, não apresentando atividade antimicrobiana significativa. No entanto, na presença de gentamicina, a ConA modulou a atividade deste antibiótico em cepas de S. aureus selvagens (1199), enquanto a ConBr mostrou atividade modulatória significativa para a gentamicina e ciprofloxacino em S. aureus (1199). A ConA também demonstrou atividade significativa contra bactérias com bomba de efluxo NorA na presença de norfloxacino. No estudo de docking molecular, as estruturas cristalográficas das proteínas ConA (PDB: 3enr) e ConBr (PDB: 1azd) foram utilizadas como modelos. Os ligantes foram preparados e submetidos ao programa DockThor para a realização dos experimentos de docking. O DockThor, desenvolvido pelo Grupo de Modelagem Molecular em Sistemas Biológicos no LNCC, utiliza um algoritmo genético de múltiplas soluções e a função de pontuação MMFF94S para previsão de poses e afinidades de ligação. Os resultados do docking revelaram que os ligantes moduladores exibiram conformações de ligação estáveis e energias de interação favoráveis com a bomba de efluxo NorA, corroborando os dados experimentais de atividade modulatória. Conclui-se que, apesar de não apresentarem atividade antimicrobiana direta relevante, as lectinas ConA e ConBr podem modular a eficácia de antibióticos em cepas bacterianas multirresistentes, especialmente aquelas com bombas de efluxo, oferecendo um potencial caminho para combater a resistência antimicrobiana.